sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Tanz der Vampire - Viena 2010/03/28













Tanz der Vampire - Viena 2010/03/28
Domingo 18:00h



Elenco:

Conde Von Krolock - Thomas Borchert
Sarah - Marjan Shaki
Abronsius - Gernot Krammer
Alfred - Lukas Perman
Chagal - Martin Planz
Magda - Anna Thorén
Koukol - Thomas Weissengruber
Rebecca - Katharina Dorian
Herbert - Marc Liebisch

Sobre a história do Musical ver aqui

Sobre o elenco:

Thomas Borchert (Conde Von Krolock) - Thomas Borchert é uma das maiores estrelas do Teatro musical germânico. Coloca a um canto muitas vedetas da Broadway, incluindo o próprio Michael Crawford. Mas neste musical ele tinha um pesado fardo para carregar. Apesar de Thomas já ter representado o papel de Conde von Krolock várias vezes na sua Alemanha natal, o lugar que ocupa é assombrado pelo génio de Steve Barton, o original Conde Von Krolock, cujo brilhantismo nunca foi superado até hoje. Infelizmente, Steve Barton deixou o Mundo demasiado cedo no inicio do século. Mas a memória dele vive através dos CDs do Musical que gravou e de inúmeros clips no YouTube. Como não gosto de actores que imitam outros, ia com um pé atrás em relação ao Thomas Borchert no papel (não obstante ser dos meus actores musicais favoritos.). Mas graças a Deus, ao fins de uns anos, Thomas Borchert deixou de tentar incarnar o espírito de Steve Barton e criou um Conde próprio. Um Conde mais sarcástico e gozão sem deixar de ser assustador e sedutor. Na performance de domingo, foi claro que ele estava a gostar do que estava a fazer. O seu timing cómico foi perfeito e a performance vocal brilhante como seria de esperar. Nem mesmo quando, durante a cena no cemitério se desequilibrou ao descer de um cenário que ia a subir e foi aterrar na berma do fosso da orquestra, Thomas deixou que isso interferisse no espectáculo. Se não tivesse sido tão óbvio que ia sendo um acidente, ninguém daria por ela.

Marjan Shaki (Sarah) - Eu adoro a Marjan. É muito bonita (mesmo sendo morena e o meu gosto inclinar-se para as loiras) e a sua performance evoluiu com o tempo. Enquanto Sarah ela consegue ser provocadora e inocente, emancipada e ingénua. Sendo que a personagem dela é uma jovem rapariga judia que só sonha em emancipar-se e libertar-se do poder paternal, essa capacidade de Marjan jogou muito a favor da genuinidade da personagem. Vocalmente Marjan tem uma belíssima voz, voz que tenho vindo a ver desenvolver-se com os anos. Prova disso é a sua performance durante o dueto "Totale Finsternis" com o Conde von Krolock. Em 2007, quando teve lugar em Viena o Concerto do 10 Aniversário do Musical, a voz dela foi praticamente apagada pelo vozeirão de Thomas Borchert. Agora, em 2010, 3 anos depois, já não o é, conseguindo um equilíbrio agradável das vozes.

Gernot Krammer (Abronsius) - Gernot Krammer regressa ao papel ao qual deu origem em 1997. Como tal, foi o actor que eu queria mesmo ver em palco neste musical porque praticamente "faz parte da mobília". E ele foi simplesmente genial. Claro que joga a seu favor o facto de nos últimos 13 anos não ter feito mais nada senão representar o papel do excêntrico Professor Abronsius, mas ao contrário de se notar fadiga, nota-se um amor e à vontade cada vez maior na performance. Claro que este à vontade levou-o a que algumas vezes exagerasse um pouco, mas mesmo quando o fazia, tinha tanta graça que o público nem ligava.

Lukas Perman (Alfred) - Hmm...Lukas, Lukas...Confesso que nunca gostei do Lukas. E continuo a não gostar. Apesar de ter cantado muitíssimo bem as músicas e de a sua voz, tal como a de Marjan, ter evoluído consideravelmente, as técnicas teatrais dele não. Lukas é um daqueles "meninos-bonitos" e isso já joga contra ele. E depois o facto de ele dar ao herói do musical o cérebro de um miúdo de 5 anos, só prejudica a sua performance. Contudo, uma nota de louvor deve ser feita à sua cena na casa-de-banho com Herbert, o filho vampiro gay do Conde. Aí sim, Lukas conseguiu ser hilariante como era mister.

Martin Planz (alt. Chagal) - Não conhecia o actor. Basicamente porque era o substituto do actor James Sbano, que estava de folga nesse dia. (James, tal como Gernot, também pertenceu ao elenco original do musical em 1997 no mesmo papel). Quanto a Martin, cantou bem, representou o mais próximo possível da performance de James e foi só. Nada de extraordinário. Contra ele jogou o facto de ser visivelmente jovem e portanto pouco credível enquanto pai de Sarah.

Anna Thorén (Magda) - Enquanto Magda, a bonita criada da estalagem de Chagal, Anna fez o que lhe competia. Não é propriamente uma mulher muito bonita e a voz é talvez demasiado nasalada para meu gosto, mas pelo menos trouxe um toque seu à personagem o que é sempre positivo.

Marc Liebisch (Herbert) - Herbert é, juntamente com Abronsius do lado dos bons, o comic relief do musical. Filho de Von Krolock, Herbert é suposto ser um vampiro completamente gay. Usando roupas coloridas (por oposição ao pai que usa maioritariamente preto e vermelho), Herbert é o estereótipo de uma "bicha". Bom...com um elenco tão bom, haveria de haver alguém a fazer asneira. Marc Leibisch foi essa pessoa. Não em termos de representação, pois nesse aspecto ele foi bem sucedido ao encarnar o espírito daquele vampiro-cinderella, mas em termos de performance vocal. Ele simplesmente arruinou a música que lhe cabia cantar. Compensou com a boa química de palco com Lukas Perman, mas ainda assim foi um pavor para os ouvidos dos espectadores.


Sobre o Musical:

TANZ DER VAMPIRE é simplesmente brilhante. A música de Jim Steinman é poderosa e o libretto de Michael Kunze é digno de um génio. Há tantas, mas tantas subtilezas nele que diga-se, seria digno de análise Académica. Os cenários, da autoria do húngaro Kentaur, são simplesmente de perder a respiração, e o uso de projecções combinadas com o cenário torna TANZ DER VAMPIRE um dos mais belos musicais em termos estéticos em cena nos dias de hoje. O guarda-roupa é simplesmente soberbo, especialmente o dos vampiros, cujo trabalho de detalhes e bordados são autênticas obras de arte.
O libretto do musical foi encurtado face ao libretto original de 1997 e não posso dizer que concordo com todos os cortes. Enquanto canções como "Knoblauch" foram encurtadas sem prejuízo para a história, outras foram totalmente removidas como a música "Wohl der Mann" onde Von Krolock aliciava Alfred a deixar o Professor Abronsius e seguir o seu instinto. Isto quando depois, no 2º Acto, mantiveram a música "Carpe Noctem", uma demasiado longa sequência de dança que não acrescenta nada à história.

Em resumo, Tanz der Vampire é um grande musical. Claro que a produção de Viena benificia do facto de ser produzida por uma companhia do ESTADO de Viena, o que não impede que os bilhetes chegam aos 100€. Contudo, deixem que vos diga isto: o preço do bilhete VÊ-SE no Palco. Cada tostão está gasto no requinte dos cenários, do guarda-roupa e de uma orquestra VERDADEIRA de 20 e poucos músicos que tocam as músicas ao vivo. Não há playbacks em Viena.

Este musical merece um 9/10!

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