sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

"Bonnie & Clyde" estreia na Broadway

"Bonnie & Clyde" é o mais recente Musical do compositor Frank Wildhorn (Jekyll & Hyde, Dracula, The Count of Monte Cristo etc), com letras de Don Black (Sunset Boulevard, Dracula) e libreto de Ivan Menchell e estreou oficialmente ontem, 1 de Dezembro, dia da Restauração em Portugal.
O Musical conta a história de Bonnie Parker e Clyde Barrow, dois jovens que nos anos 30 do século XX, durante a Grande Depressão, se tornaram lendas ao cometer vários assaltos em vários Estados centrais dos EUA. As duas personagens ganharam a imortalidade após o filme de Arthur Penn em 1967. Hoje em dia não há casal de assaltantes que não receba o cognome de "a Bonnie & Clyde de ___".
Ao contrário do filme, o Musical foca-se muito mais nos factos reais do que na ficção. Como tal Clyde não é retratado nem como impotente nem como bissexual ou homossexual.
A história começa com a morte de Bonnie & Clyde no Louisiana, onde foram finalmente encurralados e abatidos a tiro pela polícia. Depois faz um flashback para contar o que levou a esse momento. O cenário é construído todo em ripas de madeira e funciona de forma inteligente, aliado a projecções de artigos de jornais e fotografias alusivas aos verdadeiros Bonnie & Clyde. O espectáculo contudo foca-se na relação entre ambos mais que nos assaltos, e não tem praticamente pontos em comum com o filme de Arthur Penn.
Em frente de um elenco cheio de talento estão Laura Osnes no papel de Bonnie, que até há pouco tempo esteve no aclamado revival de Anything Goes onde recebeu várias aclamações da crítica; Jeremy Jordan como Clyde Barrow, que fez furor no recente musical da Disney Newsies; Melissa van der Schyff no papel de Blanche Barrow, esposa de Marvin "Buck" Barrow, irmão de Clyde, representado por Claybourne Elder.
Sendo um espectáculo de Frank Wildhorn, na Broadway, esperava-se que a crítica fosse devastadora, ou não tivesse outra obra sua, Wonderland, sido um gigantesco flop há meros meses atrás. O problema desta vez é que, o chamado word of mouth, isto é, a opinião das pessoas que foram assistir às previews (que começaram a 4 de Novembro) e à estreia é esmagadoramente muito positiva. Quanto à critica "profissional" foi mista. Alguns críticos, como a Associated Press, deram o braço a torcer e reconheceram a qualidade do musical, outros como o NY Times, continuaram a vendetta contra o compositor com uma review destrutiva mas pouco fundamentada em aspectos concretos. Contudo nenhum (tirando o NY Times) foi capaz de criticar os actores que receberam uma ovação geral pelas performances e quase todos louvaram a música de Frank Wildhorn, considerando-a a sua melhor composição até à data (permitam que o autor deste blog, que conhece todos os trabalhos do compositor, incluindo os musicais compostos para a Europa e Ásia, discorde aqui.)
Como sempre só o tempo dirá qual o futuro de "Bonnie & Clyde". Afinal, o desastroso "Spiderman: Turn off the Dark" tem-se estado a revelar um sucesso de bilheteira (apesar de precisar de 10 anos em cena para recuperar o investimento.)
Um CD do Elenco Original da Broadway de "Bonnie & Clyde" está a ser preparado.

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Furacão Irene fecha Broadway

O Furacão Irene que se dirige para a cidade de Nova York levou a que todos os musicais da Broadway fechem portas nos próximos dias 27 e 28 de Agosto, anunciou a Broadway League, para quem a segurança do público e dos artistas está acima de tudo.
O anuncio de fecho geral ocorreu depois de Disney anunciar o encerramento para este fim-de-semana dos seus musicais (The Lion King e Mary Poppins). Seguiu-se Chicago e The Book of Mormon. O cancelamento deste último certamente será o que mais irritará os espectadores tendo em conta que um bilhete pode chegar a custar 500 dollars (valor que salta para os 3000 no eBay) e o musical está esgotado praticamente até 2012.

De facto, toda a cidade de Nova York está a ser colocada em estado de emergência, tendo mesmo o Governador da cidade, Andrew Cuomo, ordenado o encerramento do trânsito e a paragem de todos os serviços de transporte público a partir da tarde de sábado.
A cidade que nunca dorme vai assim poder dormir durante um fim-de-semana.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

"The Addams Family" fecha na Broadway

O musical baseado nos personagens de Charles Addams encerrará na Broadway a 31 de Dezembro de 2011 após 34 previews e 725 espectáculos. O elenco original contou com Nathan Lane (The Producers) no papel de Gomez Addams, Bebe Neurith (Chicago) no papel de Morticia, Terrance Mann (The Scarlet Pimpernel, Beauty and the Beast) como Mal Beineke, Carolee Carmello (The Scarlet Pimpernel) no papel de Alice Beineke e Jackie Hoffman como Grandma Addams. Em Março deste ano a esmagadora maioria do elenco saiu após terminarem os seus contratos, à excepção de Jackie Hoffman (Hairspray) que permaneceu durante toda a duração do musical no seu papel. Gomez e Morticia passaram a ser representados por Roger Rees e Brooke Shields (A Lagoa Azul) respectivamente.
Uma Tour pelos EUA será lançada já em Setembro, com Douglas Sills (The Scarlet Pimpernel) no papel de Gomez Addams e Sara Gettelfinger no papel de Morticia.

Apesar de 2 anos em cena, o Musical não foi bem recebido pelos sempre irrascíveis criticos e não recebeu nenhum Tony dos 3 para que esteve nomeado.

Duas produções internacionais do Musical estão já anunciadas: São Paulo (Brasil) já em 2012 e Sidney (Austrália) em 2013.

segunda-feira, 27 de junho de 2011

"Love Never Dies" morre em Londres

    "Love Never Dies", a sequela de Andrew Lloyd Webber par o seu maior sucesso musical "The Phantom of the Opera" vai fechar portas em Londres já a 27 de Agosto ao contrário de continuar pelo menos até 2012 como estava previsto.
     O Musical estreado em Março de 2010 teve tudo menos uma vida fácil. Logo durante a criação, Andrew Lloyd Webber teve de re-compor toda a música depois do seu gato a ter apagado do piano digital onde estava guardada. Depois teve de enfrentar a fúria dos fans da obra original que, não sem razão, acharam um disparate uma sequela. Quando finalmente abriu, para além dos fans, caíram-lhe em cima os críticos. A história não tinha pés nem cabeça, estava mal construída, era um desperdício de boa música e talento. Por causa das constantes criticas e apesar das pequenas alterações feitas já depois da estreia, Andrew Lloyd Webber acabou mesmo por ter de encerrar o Musical durante uma semana para implementar um guião profundamente alterado. A resposta a este Love Never Dies 2.0 foi mais positiva...mas não o suficiente para manter o musical aberto e assim, pouco mais de 1 ano depois da estreia, Love Never Dies sairá de cena.
    Entretanto uma produção do musical abriu na Austrália com um guião novamente diferente. Love Never Dies 3.0 é aquele que Andrew Lloyd Webber considera a melhor versão e tenciona levar para a Broadway. Se o conseguirá? Talvez, o poder financeiro conta muito. Mas se depender de produtores americanos ainda vai levar uns anos até Love Never Dies chegar à Broadway. É que a versão 1.0 estava prevista estrear lá e foi tudo cancelado. A versão 2.0 estava prevista ser transferida para lá mas os investidores desistiram. Veremos que futuro espera a versão 3.0 depois do teste na Austrália.

terça-feira, 14 de junho de 2011

"Spider-Man" estreia na Broadway

     "Spider-Man: Turn of the Dark" é o musical que devia ter encerrado antes da estreia. Abriu pela primeira vez para previews em Novembro de 2010. A estreia foi constantemente adiada. Por isso os críticos foram avaliar o que havia. A reacção foi unânime: é um musical mais que mau. Aliado a isso juntou-se os imensos problemas técnicos, com actores a caírem em cena das alturas porque os cabos a que estavam presos para efectuar os números quase-circenses, não eram seguros. Por isso encerrou as previews sem sequer ter estreado.
    Mas a história que devia ter acabado aí não acabou. Porquê? Porque o musical tem música de Bono e The Edge dos U2. E como tal o dinheiro continuou a entrar. A produção fechou para ser "re-inventada". Mas a avaliar pelos relatos dos espectadores que foram ver muito pouco mudou. O libretto continua um desastre, a história é má e a música é desadequada. E a verdade é essa. Depois de ouvir o CD do Musical foi isso mesmo que constatei. Tirando 1 música - Rise Above - todas as outras soam a algo que já ouvimos antes.
A verdade é que Spider-Man: Turn of the Dark assemelha-se mais a um concerto dos U2 do que a um Musical digno da Broadway. Já sem a encenadora original, Julie Taymor (que encenara na Broadway a versão Musical do sucesso da Disney "Rei Leão), Spider-Man: Turn of the Dark v.2.0 estreia hoje na Broadway.
Se será um sucesso? Não acredito. Na verdade, a avaliar pelos relatos daqueles que já viram as previews, prevejo mais uma vaga de reviews devastadoras por parte dos críticos.
Até agora esta produção já engoliu mais de 64 milhões de dollars. Depois do fiasco que se antevê, a questão que resta é: durante quanto tempo é que os investidores estarão disponíveis para injectar dinheiro neste nado-morto?


domingo, 15 de maio de 2011

"Wonderland" encerra na Broadway.

"Wonderland" o mais recente musical de Frank Wildhorn, que estreou na Broadway a 17 de Abril, é também o seu mais recente flop e encerra hoje, 15 de Maio.
Para além das reviews devastadoras, Wonderland foi incapaz de gerar suficiente capital para sustentar um espectáculo que custou mais de 10 milhões de dólares só para montar. E como tal o dinheiro esgotou. E sem dinheiro não há musical.
A inconsistência do libreto foi considerada a principal causa do fiasco do Musical. Mas não foi a única. Wonderland estava em cena num dos maiores Teatros da Broadway, o Marquis Theater, com capacidade para 1611 espectadores. E como se o Teatro não fosse grande, e portanto difícil, o suficiente de encher, Wonderland teve o azar de estrear na mesma época que outros musicais que geram forte competição, nomeadamente Sister Act (Vagamente baseado no filme "Do Cabaret para o Convento"), The Book of Mormon, uma sátira esmagadora dos autores da série South Park e o revival de How to succeed in Business without really trying que conta com Daniel Radcliffe (o "Harry Potter") no papel principal.

Ao encerrar, Wonderland esteve em cena durante apenas 31 previews e 33 espectáculos regulares, passando à frente dos outros flops de Wildhorn na Broadway Dracula (22 previews e 157 performances) e The Civil War (35 previews e 61 performances).

No entanto nada está perdido. Os produtores estão a preparar uma Tournée pelos EUA onde se conta que sejam resolvidos os problemas com o guião. É bom recordar que os musicais de Frank Wildhorn são, regra geral, optimizados sempre que saem da Broadway. O que significa que a transferência de um Musical para a Broadway nem sempre significa melhoria no mesmo.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

"Wonderland" estreia na Broadway.

Wonderland é o mais recente Musical da autoria de Frank Wildhorn, compositor de musicais como Jekyll & Hyde, The Scarlet Pimpernel, Dracula, The Count of Monte Cristo, Rudolf, The Civil War, Bonnie & Clyde e muitos outros. Com libretto de Jack Murphy e Gregory Boyd (também ele encenador do espectáculo), em Wonderland não encontramos a Alice dos livros de Lewis Carrol mas sim uma outra Alice, mãe de uma criança de 11 anos, professora cujo sonho era ser autora de livros para crianças, e cujo casamento está a desfazer-se, a residir no Bronx em Nova York. (Isto na versão agora em cena na Broadway. Nas 3 versões anteriores que estiveram em cena em Houston no Texas e em Tampa na Florida, Alice era uma escritora que estava no meio de um bloqueio criativo.).

Alice, depois de um dia extenuante, adormece na cama da sua filha e é levada até Wonderland, o País das Maravilhas. Contudo essa viajem tem como objectivo principal levar Alice a reencontrar a sua própria infância perdida. Para a ajudar estão lá os personagens que conhecemos da história original, mas desta vez com um twist. Para cada personagem, Frank Wildhorn atribuiu um estilo de música e uma "etnia". Cada personagem representa uma faceta da personalidade da própria Alice. Assim, a Lagarta é um personagem relaxado, com um toque de Jazz, a lembrar Marvin Gaye, que coloca a pergunta essencial a Alice "Quem és tu?". O Gato de Cheshire é aqui um gato latino de nome "El Gato", que recorda Santana. O Cavaleiro Branco é um galã ao estilo Disney que relembra Justin Timberlake e cujo tema musical é uma paródia às boysband dos anos 90. O Coelho Branco é um personagem assustado e em constante stress, a Rainha de Copas vem ao estilo Cabaret. E por fim o Chapeleiro que, neste musical, é umA ChapeleirA. O antigo Chapeleiro foi "reformado" e a nova tenciona tomar o poder em Wonderland e destronar a Rainha. A Chapeleira é o alter-ego de Alice, representa todas as frustrações, dor e maldade.
Graças aos planos da Chapeleira, Alice acabará não só por ter de se encontrar a si mesma mas de salvar a sua filha Chloe que é raptada por ela.

Esta aventura musical estreou ontem, 17 de Abril, na Broadway. O público que viu as previews e  a estreia na sua generalidade gostou muito. Os críticos não.
Todas as "reviews" que saíram foram, na sua esmagadora maioria, negativas, apontando como principal problema do musical o libretto.
Mas é importante frisar isto: Este é o 5º espectáculo que Frank Wildhorn estreou na Broadway. TODOS os anteriores musicais dele abriram com opinião bastante negativa dos críticos. No entanto Jekyll & Hyde esteve em cena durante 5 anos (ver artigo neste blog) e The Scarlet Pimpernel durante 3 anos (tendo-se seguido uma "Tour Nacional" pelos EUA durante mais 2 anos e inúmeras produções pelo Mundo fora). The Civil War esteve pouco tempo em cena por força do tema tratado e a produção de Drácula também aguentou só uns meses, maioritariamente por culpa dos produtores que alteraram o espectáculo completamente em desrespeito da vontade dos autores. (O musical "Drácula" contudo foi um estrondoso sucesso na Suíça onde abriu depois com um libretto revisto, tal como na Áustria, e está previsto abrir este ano no Japão.).
Que quer isto dizer?
Simplesmente que os críticos em Nova York sempre detestaram Frank Wildhorn porque este não escreve musicais que sejam ao estilo Stephen Sondheim, o único autor respeitado em NYC. Aliás, os críticos também escreveram criticas devastadoras sobre musicais como Wicked, musical que está em cena há mais de 5 anos e é um autêntico sucesso de bilheteiras.
Wonderland é um Musical com uma ideia muito boa, música que agrada a toda gente e que só o futuro dirá quanto tempo estará em cena na Broadway. Os problemas com o libretto (que de facto os há) serão certamente resolvidos. E se não o forem agora, serão com certeza assim que o Musical abrir na Europa, como aconteceu com Jekyll & Hyde e Drácula.

Aqui fica um vídeo promocional com clips do Musical para avaliarem por vós mesmos.